Com a pandemia reduzimos nosso espaço de ação à casa. A nossa interação limitou-se ao computador e às redes sociais, com horários controlados para sair e mesmo com o relacionamento limitado a um certo número de pessoas. Em consequência os espaços públicos ficaram vazios. Hoje, os edifícios, as janelas, os muros, as paragens de autocarro, praticamente tudo pertence as grandes empresas que nos bombardeiam diariamente com publicidade. A “Noiva de Sao Gonçalinho”, surge depois de um inquérito preenchido por 236 pessoas, que convida aos inquiridos a perguntar-se sobre os espaços públicos da cidade de Aveiro e as suas tradições. Surge também como uma tentativa de conhecer o terreno comum dos moradores da cidade, afim de establecer dialogo, comunicação e porque não, entretenimento entre uma artista estrangeira e os transeúntes. O projeto em colaboração com a fotografa portuguesa Inês de Carvalho, se inspira na tradição do lançamento das Cavacas para o Festival de São Gonçalinho e coloca em tensão os principios que lhe são inherentes: O Casamento, a solterice na mulher, a pena de amor. Desta forma a performance procura também ultrapassar os limites da norma, abrindo um espaço de reflexão sobre a marginalidade, a diferença, a locoura e a nossa forma de reagir a ela como sociedade. Como estrangeira a experiencia da “Noiva de São Gonçalinho” foi uma maneira de ter um primeiro encontro com a cultura Portuguesa e mais precisamente com a cultura Aveirense. As pessoas de Aveiro podem apresentar-se como conservadoras e serias numa primeira instancia, mas com um sentido de comunidade que está presente e vivo.


